Há um tempo assisti um vídeo que tem se tornado muito comum no meio da
Igreja Brasileira nos últimos tempos, e que pode ser visto novamente, já que
estamos nos aproximando da eleições municipais. No vídeo o presidente Michel
Temer usando o púlpito de uma Igreja Evangélica em Brasília fez uma
demonstração dos seus feitos.
E infelizmente recente no Rio de Janeiro, onde o então governador Witzel
usou o púlpito de uma Igreja para pedir que o processo de impeachment não seja
feito. E creio que ainda durante este ano saberemos muitos outros que estarão
fazendo isso em algumas Igrejas Evangélicas do nosso país, por conta das
eleições municipais.
Como pastor da Convenção Batista Brasileira, com isto não quero dizer
que somos melhores do que outra denominação, mas que temos como característica
de nossa denominação não envolvermos política e evangelho em nosso meio,
principalmente se for no culto. Temos que respeitar as preferências partidárias
de cada membro da nossa Igreja.
Respeito e muito um princípio que nos caracteriza como uma Igreja
Batista, que é o princípio da Liberdade do Indivíduo. Cada um é livre para
fazer o quer, mas também precisa saber das consequências de suas ações. Neste
sentido falo a respeito de um pastor permitir que seu púlpito seja utilizado
para isso.
Mas claro que não pude deixar de fazer uma pergunta. Que eu vivo fazendo
perguntas para tentar encontrar algumas respostas. É claro que muitas perguntas
que faço, ainda encontram sem resposta. E como sou pregador da Palavra e
professor da disciplina de Pregação, não poderia deixar de fazer esta pergunta:
“como estão os púlpitos de nossas Igrejas?”
Porque não é simplesmente o fato de permitir a fala do presidente, ou de
qualquer outro pessoa que o utilize para benefício próprio. Percebo a falta de
seriedade em relação ao local de onde temos como tradição cristã, ser o lugar
de onde Deus falará com a Igreja através das pessoas. Uma das razões que
entendo ser responsável por isto é que muitos pregadores estão perdendo o foco
da sua missão de anunciar o evangelho diante da Igreja, e dando espaço para que
outras circunstancias aconteçam a partir dele.
Diante desta situação resolvi compartilhar o que tenho aprendido de Deus
sobre a questão da pregação e do púlpito, não é minha intenção aqui dizer o que
você deve fazer. Mas entendo que compartilhar a minha experiência possa ajudar,
nesta compreensão de púlpito e pregação.
É um lugar que denuncia o pecado, sim é de lá que ministramos a Palavra e que com certeza em um
determinado momento o nosso erro será confrontado pela exposição da Palavra de
Deus. Mas em hipótese nenhuma dever ser o lugar onde as pessoas são expostas
pelo seu erro. Alguns pregadores tem feito do púlpito o lugar onde ele os erros
das pessoas são “reveladas”.
Quando isso acontece somos como aquelas pessoas que estavam prontas
a atirar pedras naquela mulher adultera, que assim como eles esqueceremos de
expor outras pessoas. E fazendo isto estamos mais julgando as pessoas do que as
confrontando com o seu pecado. Também concordo que poucos púlpitos tem falado
de pecado, por isso dever ser um lugar onde o pecado é confrontado e não onde
as pessoas são expostas.
Não é o lugar de onde darei minhas respostas a pessoas que são
contrárias. Como já
ouvi pregadores utilizarem o púlpito para responder aquela determinada pessoa
ou até mesmo justificar determinada atitude ou decisão tomada. Lembro de alguns
anos atrás ver um programa de TV em horário nobre, que é tão caro, ser usado
para responder a um determinado pastor que disse também em rede nacional sobre
aquela Igreja. Não podemos utilizar mensagens que são mais minhas respostas do
que a resposta de Deus para um mundo desorientado.
É um lugar onde a profecia é ministrada. Onde de fato o “Assim diz o Senhor” é correto>
Não está confundido com o “assim eu creio”, “assim eu penso”, ou “assim eu
acho”, mas está fundamentado na Palavra de Deus com boa hermenêutica e exegese.
Quantas heresias têm sido ensinadas dos púlpitos da Igreja Brasileira,
justificando uma nova visão dada pelo Senhor. E com certeza todos outros dois
mil anos a Igreja entendeu errado. O púlpito precisa ser levado a sério,
precisamos ter pregadores que preparam a mensagem na dependência do Senhor, com
muita oração e estudo da Palavra, que no final pode-se afirmar realmente assim
diz o Senhor!
Um lugar de consolo porque
as pessoas mesmo sendo confrontadas com seu pecado, encontram uma chance para
um novo começo. Onde a palavra encontra o seu coração de tal forma que ela
entende que nada está perdido. Que existe uma solução e esta solução é Cristo!
Onde é iniciada a possibilidade de uma vida abundante!
Um lugar onde a salvação é proclamada porque ali a mensagem da Cruz é ensinada. Onde não é ensinado
sobre como ser mais próspero, mas sim como podemos encontrar a salvação em
Jesus Cristo, Encontrar o perdão e o amor de Deus porque fora anunciado pela
proclamação do verdadeiro evangelho.
Um lugar onde Cristo é glorificado não é o pregador glorificado pela sua eloquência,
pelo seu carisma, mas sim onde a vida do pregador glorifica o Senhor Jesus por
ser um instrumento do Senhor. Toda as vezes que ouço um elogia depois de uma
mensagem que falou ao coração de uma determinada pessoa, eu sempre peço para
que continue orando pela minha vida, para que Deus continue me usando para que
a Palavra Dele e somente a Dele encontre corações que estão sedentos por ela.
Precisamos de púlpitos que ministrem a Palavra de Deus e que não sejam
usados para qualquer outro interesse.
Na graça e no amor de Cristo.
Pr Carlos Alberto S Morais
PIB
Rolim de Moura